sexta-feira, 24 de junho de 2011

A Garota da Capa Vermelha


Catherine Hardwicke não fugiu à regra. Seguindo as medidas da saga Crepúsculo, fez um filme para adolescentes com paixões mornas, triângulos amorosos, pessoas bonitas e roteiro simples. A Garota da Capa Vermelha (Red Riding Hood), figura como uma versão teen, com um leve ar de suspense, do clássico Chapeuzinho Vermelho.

A história se passa em uma vila da Idade Média atormentada por um lobo que exigia sacrifícios de animais nas noites de lua cheia. O acordo com a fera garantia a segurança do local, até o momento em que uma garota é assassinada. Valerie (Amanda Seyfried), irmã da vítima, vê então toda sua aldeia tomada pelo pânico causado pelos consecutivos ataques do lobo. Estranhamente, Valerie consegue entender o que o monstro "fala" e descobre que é diferente de todas as pessoas do local.

Lado a lado com os acontecimentos, Valerie tem de lidar com o acordo de casamento com o rico ferreiro Henry (Max Irons), a tentativa de continuar com o namorado Peter (Shiloh Fernandez) e as descobertas dos segredos da mãe (Virginia Madsen) e da irmã. Tudo isso ao mesmo tempo em que começa a enxergar a figura de um lobo em todos os olhos castanhos que encontra pela frente.

O ar de suspense é assegurado justamente pela desconfiança de Valerie, pelo clima de "quem será o assassino?" que a trama toma aos poucos. As cores escuras e o predominante vermelho ajudam a deixar o cenário propício para ataques sobrenaturais.

Apesar disso, não há nada de muito especial no roteiro. O suspense leve se torna, em alguns momentos, ridículo. O próprio clima de desconfiança chega a irritar o espectador, de tão repetitivo. Algumas cenas são simplesmente desnecessárias e forçadas, como quando Valerie sonha com a avó e faz as perguntas clássicas de Chapeuzinho Vermelho: "Que olhos grandes você tem"... e por aí vai.

E falando em Chapeuzinho Vermelho, a adaptação foi bastante fraca. Tirando o cenário e o figurino,a casa da vovó na floresta e o lenhador, pouco da essência do conto foi captada. A mensagem oculta da sensualidade e da figura do lobo que na verdade é um "pedófilo", foi totalmente reduzida a algumas cenas sensuais mornas e adolescentes, pouco ligadas ao verdadeiro significado da história original. Muito mais poderia ser esperado de uma adaptação desse conto de fadas.

Mas A Garota da Capa Vermelha não perde em todos os aspectos. A fotografgia é simplesmente maravilhosa e as câmeras se mostram bastante flexíveis e até alternativas. O jogo de cores também é bastante significativo e dá um tom um pouco surreal às imagens.

E, no fim das contas (para contradizer o que foi dito, talvez), A Garota da Capa Vermelha consegue prender o espectador. Não é um filme para se pensar, não traz qualquer mensagem e não deixa nada marcado na cabeça depois. Mas, quem disse que deveria ser assim?

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