segunda-feira, 6 de junho de 2011

Tudo pode dar certo


Tudo pode dar certo (Whatever works) é um filme leve e ao, ao mesmo tempo, profundo. Não que seja pretencioso e queira passar uma grande mensagem de forma sutil. Não. Parece, na verdade, um desabafo de Woody Allen: na pele de Boris Yelnikoff (Larry David), o diretor critica o amor, a sociedade, a indústria cultural e tudo que possa ser criticado.

Boris Yelnikoff, um velho "gênio" chato e de mal com a vida, que foi indicado ao Prêmio Nobel, sabe que é protagosnista de um filme e diz logo no começo que está em uma tela, sendo visto por várias pessoas que provavelmente comem pipoca. Por isso, o personagem sempre conversa diretamente com o telespectador, narrando sua vida e expondo seus arrogantes pontos de vista.

Através das narrações do "gênio", conhecemos a doce e burra Melodie (Evan Rachel Wood), que com toda a sua ingenuidade e falta de conhecimentos, é a única capaz de aproximar Boris da humanidade e fazer com que sinta, de alguma forma, amor. O relacionamento inusitado da jovem Melodie e Boris é, na verdade, um ponto conflituoso para o telespectador, que pode sentir dificuldades em aceitar as diferenças entre os dois.

E aceitar diferenças é um dos principais temas tratados no filme. A diferença de idade, humor e mentalidade entre os protagonistas é a primeira diferença que somos desafiados a aceitar. Depois, os pais de Melodie, personificações do preconceito e da sociedade hipócrita burguesa religiosa, são os principais exemplos da libertação e da aceitação das próprias diferenças.

Através de personagens caricatos e humor inteligente, Woody Allen prende o espectador em uma trama leve (e nem por isso simples), que usa de clichês para desconstruí-los e de sarcasmo para críticas inteligentes. E, no fim, concordamos inteiramente com a mensagem: qualquer coisa que funcione, serve.

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